Pierre Lévy e as Tecnologias de Informação no ENEM

O filósofo Pierre Lévy é um dos maiores pensadores das ciências humanas que aborda a seara das novas tecnologias comunicacionais, em especial aquelas no domínio da Internet.  Estudioso das diversas formas de sociabilidade, Lévy retrata as relações sociais que incidem no âmbito da web. Nesse viés, há três conceitos fundamentais tratados pelo autor, a saber, ciberespaço,cibercultura e inteligência coletiva.

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O ciberespaço constitui o lugar virtual por meio do qual as ações e relações no mundo da web se estabelecem. Em outras palavras, o conceito se refere à rede de computadores nas quais circulam todo tipo de informação e comunicação. Vem a ser, portanto, o espaço virtual constituído pelas redes digitais.

Sociologicamente falando, é o espaço virtual onde os indivíduos acessam e mantêm um processo social de interação e debate. Trata-se de um domínio relativamente novo, mas que tem sido um meio densamente empregado nas diferentes formas de relações, a exemplo das redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram etc.) e das diversas ferramentas e aplicativos utilizados no bojo da sociedade em rede. Em outras palavras, o ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999)

O ciberespaço, preconiza Pierre Levy, gera a cibercultura, que nada mais seria que um conjunto de transformações que ocorrem na cultura e que tem seu fundamento no desenvolvimento do ciberespaço. O mundo virtual, do qual a cibercultura faz parte, não está condicionado aos mesmos fatores de uma cultura tradicional: regional, espacial e, nesse viés, limitada por contornos geográficos e homogêneos. É uma nova cultura formada pela integração de várias culturas e condicionada por fatores tecnológicos, que possibilita o contato e interação entre indivíduos de distintas regiões, espaços e meios a partir de conexões estabelecidas no ciberespaço.

O mundo da Internet e sua relação com a sociedade, afirma Lévy, é suscetível de proporcionar a chamada inteligência coletiva. Dado que o mundo em que vivemos é permeado pelas informações imediatas e instantâneas em virtude da interface na web, aquilo que ocorre em determinado lugar, repercute e incide velozmente em outros lugares. Vivemos, inegavelmente, numa sociedade em rede, que consolida o processo de globalização. Nesses termos, a inteligência coletiva constitui o desencadeamento e compartilhamento de ideias que nada mais seriam, em tese, que ideias construídas e divulgadas coletivamente no âmbito da rede. Pense, por exemplo, na Primavera Árabe! Ela obteve enorme sucesso em sua repercussão em virtude da inteligência coletivaviabilizada no ciberespaço, promovendo novas mentalidades, perspectivas e ações, ou seja, uma distinta cibercultura, que, como dito, vem a ser um conjunto de transformações que ocorrem na cultura e que tem seu fundamento no desenvolvimento do ciberespaço. A inteligência coletiva, portanto, constitui […] uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta uma mobilização efetiva das competências […](LÉVY; pierre , A Inteligência Coletiva, 2007)

Como sabemos, Lévy já foi cobrado no ENEM no ano de 2016. Vejamos um trecho de sua obra que já fora utilizado numa questão da prova:

Mas assim que penetramos no universo da web, descobrimos que ele constitui não apenas um imenso “território” em expansão acelerada, mas que também oferece inúmeros “mapas”, filtros, seleções para ajudar o navegante a orientar-se. O melhor guia para a web é a própria web. Ainda que seja preciso ter a paciência
de explorá-la. Ainda que seja preciso arriscar-se a ficar perdido, aceitar “a perda de tempo” para familiarizar-se com esta terra estranha. Talvez seja preciso ceder por um instante a seu aspecto lúdico para descobrir, no desvio de um link, os sites que mais se aproximam de nossos interesses profissionais ou de nossas paixões e que poderão, portanto, alimentar da melhor maneira possível nossa jornada pessoal.
(LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999)

Neste sentido, a abordagem do autor sobre as questões das emergências digitais que afetam a sociedade, se tornam relevantes como conteúdo para a sua argumentação nas redações dos principais vestibulares do Brasil, bem como no ENEM.

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