História do Movimento LGBTPQIA+

Ao longo dos últimos textos discutimos sobre diversos temas que compõem o universo dos direitos e da luta pela cidadania. Nesse sentido percebemos que a cidadania não pode ser compreendida como algo acabado ou estático, mas sim como algo que se encontra em constante mudança. Para que a cidadania ocorra é necessário que os seus personagens atuem incisivamente e ao longo da história os movimentos sociais tem apresentado enorme protagonismo nesse contexto. Hoje discutiremos sobre um dos movimentos com maior protagonismo das últimas décadas que é o Movimento LGBTPQIA+ que é um movimento civil que luta contra o preconceito, o ódio e a violência que milhões de pessoas enfrentam diariamente.

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Um dos grandes símbolos desse movimento é promover a diversidade e por isso a própria sigla do movimento passou por diversas transformações na tentativa de incluir cada vez mais pessoas. Diversas nomenclaturas já foram utilizadas. Até os anos 80 foi utilizada apenas a expressão gay, mas claramente não dava conta da diversidades de expressões e identidade já conhecidas. Claramente a terminologia gay não abrange toda a comunidade. Dessa forma passou-se a se referir a comunidade como LGBT, referindo-se a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais ou Transgêneros. Hoje a sigla mais abrangente é a LGBTQIA+ que engloba Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual e o `+` que serve para abranger pessoas de outras bandeiras e pluralidades.

 

Acontece que para entender esse movimento precisamos viajar um pouco no tempo, mais especificamente para o dia 28 de junho de 1969 em Stonewall Inn, Green Village, Estados Unidos. Esse dia é considerado o grande marco de início do movimento quando um grupo de gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentaram policiais por conta de uma forte política repressiva que promovia constantes batidas humilhantes e iniciaram uma rebelião que durou 6 dias e que mudaria para sempre a sua história. Esse episódio ficou conhecido como Stonewall Riot e essa data passou a ser considerada o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.

 

Apesar de associarmos o início do movimento à segunda metade do século XX, infelizmente os registros de violência contra homossexuais datam de 1200 a.C. Já no século XIII percebemos o primeiro código penal contra a homossexualidade ainda no império de Gengis Khan. Lá o crime de sodomia era punido com a pena de morte. No mundo ocidental as primeiras leis estavam associadas ao contexto da inquisição como o Buggery Act (Inglaterra) em 1533 e o Código Penal de Portugal que continham os “Atos de Sodomia” e logo se espalharam por diversos países como Espanha e França. Essa perseguição e violência se seguiu ao longo dos séculos e podemos exemplificar esse cenário a partir do avanço do Nazismo que perseguiu diversas minorias como homossexuais, judeus, ciganos por exemplo. Nos campos de concentração o triângulo rosa invertido era utilizado para representar homens gays enquanto o triângulo preto invertido se referia as mulheres lésbicas. Como podemos ver, mesmo e um recorte histórico muito próximo dos nossos dias percebemos um cenário de enorme dificuldade. Até os anos 60 a homossexualidade era ilegal em países como os Estados Unidos. Até mesmo o contexto médico compreendia a homossexualidade como uma doença mental e alguns dos métodos de tratamento incluíam tortura, castração, lobotomia e estupros corretivos.

Um bom exemplo para compreender esse contexto é o do filme “O jogo da imitação” – The Imitation Game –  de 2015, dirigido por Morten Tyldum e estrelado por Benedict Cumberbatch (sim, o nosso Doutor Estranho!) que dá vida ao brilhante Alan Turing, um matemático de 27 anos que durante a Segunda Guerra Mundial é decisivo para decifrar o Enigma, um famoso código que os alemães utilizavam para enviar mensagens aos seus submarinos e assim levar vantagem na guerra. Turing, que também é considerado o pai da computação, foi um herói de guerra e por ser homossexual acabou preso para “concluir seu tratamento”. Nosso gênio foi quimicamente castrado por ordem do governo inglês em 1952.

 

No Brasil o movimento LGBTQIA+ ganhar maior destaque a partir da década de 1970, em um importante contexto de repressão social que é a ditadura civil-militar (1964-1985). Sempre associado a uma cultura marginal o movimento ganhou maior destaque a partir periódicos como os jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana que abordavam diversas temáticas entre elas a violência contra homossexuais. Um importante evento é associado ao ChanacomChana que era comercializado em um bar chamado Ferro’s Bar, que era frequentado por mulheres lésbicas. Certa vez em 1983, os donos do local expulsaram as mulheres de lá o que causou uma importante reação em 19 de agosto quando inúmeros ativistas realizaram um ato político que ficou conhecido como o “Stonewall Brasileiro” e devido a isso a data de 19 de agosto passou a ser reconhecido como o Dia do Orgulho Lésbico no estado de São Paulo.

Fonte: Acervo: Grupo Arco-Íris; O Globo.

Outro importante contexto que marca a difícil trajetória do movimento é o da década de 1980 e a epidemia do vírus HIV que vitimou diversas pessoas e estigmatizou a comunidade, que era vista pelo senso comum como a portadora dessa doença. Não a toa a doença era conhecida como “câncer (ou peste) gay”, batizado de grid (uma sigla em inglês para imunodeficiência relacionada aos gays) e as consequências desses preconceito podem ser percebidas até os dias atuais.  O vírus já matou mais de 25 milhões de pessoas e está presente em outras 40 milhões alterou completamente o comportamento da nossa sociedade. Aquela geração dos anos 60, marcada pela liberdade sexual precisou pisar no freio e a revolução precisou dar lugar ao “sexo seguro” principalmente entre os jovens.

The New York Times – 03/07/1981 – “Câncer raro visto em 41 homossexuais”. Fonte: site Back2Stonewall.

 

 “Jornal Luta Democrática” – 10/1983 – “Peste Gay é a epidemia do século” e “Pânico entre os homossexuais”. Fonte: blog Novidades online.

 

Como vimos a trajetória do movimento LGBTQIA+ é marcada por enorme luta. Uma luta diária contra o preconceito, o ódio, a intolerância e a violência. E se sonhamos com uma sociedade cada dia mais justa e livre essa luta precisa ser de todos.

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